sábado, 27 de maio de 2017

A importância de Howard Gardner na Pedagogia


Howard Gardner e as inteligências
Dentro do campo da Pedagogia existem diversos teóricos que são, primeiramente, Psicólogos e Doutores em Matemática ou História e temos que dar total atenção às suas teorias e pesquisas, pois são a base de todo o conceito pedagógico e humanitário que precisamos obter para abarcarmos em uma sala de aula com maior ênfase dentro daquilo que entendemos por ministrar conhecimentos. Howard Gardner (1943) é um desses brilhantes homens que ajudam a entender a Pedagogia como ela deve ser compreendida ao criar a Teoria das Inteligências Múltiplas. Estou fazendo uma extensão em Brinquedoteca e Aprendizagem Infantil e, para minha grata surpresa, as teorias fundamentadas em seus ensinamentos são prioritariamente aplicadas em espaços onde transitam a imaginação e o lúdico do educando. Por isso achei que seria muito útil escrever este artigo, até mesmo para elucidar e explorar suas teorias.  
As implicações da teoria de Gardner para a educação são claras quando se analisa a importância dada às diversas formas de pensamento, aos estágios de desenvolvimento das várias inteligências e à relação existente entre estes estágios, a aquisição de conhecimento e a cultura. Quanto à avaliação, Gardner faz uma distinção entre avaliação e testagem. A avaliação, segundo ele, favorece métodos de levantamento de informações durante atividades do dia-a-dia, enquanto que testagens geralmente acontecem fora do ambiente conhecido do indivíduo sendo testado.

Segundo Gardner, é importante que se tire o maior proveito das habilidades individuais, auxiliando os estudantes a desenvolver suas capacidades intelectuais, e, para tanto, ao invés de usar a avaliação apenas como uma maneira de classificar, aprovar ou reprovar os alunos, esta deve ser usada para informar o aluno sobre a sua capacidade e informar o professor sobre o quanto está sendo aprendido.

Gardner sugere que a avaliação deve fazer jus à inteligência, isto é, deve dar crédito ao conteúdo da inteligência em teste. Se cada inteligência tem um certo número de processos específicos, esses processos têm que ser medidos com instrumento que permitam ver a inteligência em questão em funcionamento. Para Gardner, a avaliação deve ser ainda ecologicamente válida, isto é, ela deve ser feita em ambientes conhecidos e deve utilizar materiais conhecidos das crianças sendo avaliadas. 
Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard, baseou-se em várias pesquisas para questionar a tradicional visão da inteligência, uma visão que enfatiza as habilidades linguística e lógico-matemática. Segundo Gardner, todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos sete diferentes e, até certo ponto, independentes áreas intelectuais. Ele sugere que não existem habilidades gerais, duvida da possibilidade de se medir a inteligência através de testes de papel e lápis e dá grande importância a diferentes atuações valorizadas em culturas diversas. 
A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação. Sua insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de inteligência, que focalizam sobretudo as habilidades importantes para o sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas. Através da avaliação das atuações de diferentes profissionais em diversas culturas, e do repertório de habilidades dos seres humanos na busca de soluções, culturalmente apropriadas, para os seus problemas, Gardner trabalhou no sentido inverso ao desenvolvimento, retroagindo para eventualmente chegar às inteligências que deram origem a tais realizações. Na sua pesquisa, Gardner estudou também: 
  1. O desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças superdotadas; 
  2. Adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades sejam sequer atingidas; 
  3. Populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas demais funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas suas habilidades intelectuais; 
  4. Como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios.
Psicólogo construtivista muito influenciado por Piaget, Gardner distingue-se de seu colega de Genebra na medida em que Piaget acreditava que todos os aspectos da simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita que processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida com símbolos linguísticos, numéricos gestuais ou outros.

Segundo Gardner uma criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra (o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios (Malkus e col., 1988). Num plano de análise psicológico, afirma Gardner (1982), cada área ou domínio tem seu sistema simbólico próprio; num plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas.

Gardner sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas verticalmente, e que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com possíveis semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente uma relação direta.
 
AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Gardner identificou as inteligências linguística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Postula que essas competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos.

Gardner ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos as ocupações ilustram bem a necessidade de uma combinação de inteligências. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a destreza da cinestésica.
Inteligência linguística - Os componentes centrais da inteligência linguística são uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas.

Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas.
Inteligência musical - Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e, frequentemente, canta para si mesma.
Inteligência lógico-matemática - Os componentes centrais desta inteligência são descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas Gardner, porém, explica que, embora o talento cientifico e o talento matemático possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos.

Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio.
Inteligência espacial - Gardner descreve a inteligência espacial como a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais.
Inteligência cinestésica - Esta inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas, no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada.
Inteligência interpessoal - Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Ela é melhor apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos
de outros.
Inteligência intrapessoal - Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e ideias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações linguísticas, musicais ou cinestésicas.
O DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS
O mundo de Gardner
Na sua teoria, Gardner propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será determinada tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto por condições ambientais. Ele propõe, ainda, que cada uma destas inteligências tem sua forma própria de pensamento, ou de processamento de informações, além de seu sistema simbólico. Estes sistemas simbólicos estabelecem o contato entre os aspectos básicos da cognição e a variedade de papéis e funções culturais.  A noção de cultura é básica para a Teoria das Inteligências Múltiplas. Com a sua definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que são significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner sugere que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Ele afirma que cada cultura valoriza certos talentos, que devem ser dominados por uma quantidade de indivíduos e, depois, passados para a geração seguinte.

Segundo Gardner, cada domínio, ou inteligência, pode ser visto em termos de uma sequência de estágios: enquanto todos os indivíduos normais possuem os estágios mais básicos em todas as inteligências, os estágios mais sofisticados dependem de maior trabalho ou aprendizado.

A sequência de estágios se inicia com o que Gardner chama de habilidade de padrão cru. O aparecimento da competência simbólica é visto em bebês quando eles começam a perceber o mundo ao seu redor. Nesta fase, os bebês apresentam capacidade de processar diferentes informações. Eles já possuem, no entanto, o potencial para desenvolver sistemas de símbolos, ou simbólicos.

O segundo estágio, de simbolizações básicas, ocorre aproximadamente dos dois aos cinco anos de idade. Neste estágio as inteligências se revelam através dos sistemas simbólicos. Aqui, a criança demonstra sua habilidade em cada inteligência através da compreensão e uso de símbolos: a música através de sons, a linguagem através de conversas ou histórias, a inteligência espacial através de desenhos etc.

No estágio seguinte, a criança, depois de ter adquirido alguma competência no uso das
simbolizações básicas, prossegue para adquirir níveis mais altos de destreza em domínios
valorizados em sua cultura. À medida que as crianças progridem na sua compreensão dos sistemas simbólicos, elas aprendem os sistemas que Gardner chama de sistemas de segunda ordem, ou seja, a grafia dos sistemas (a escrita, os símbolos matemáticos, a música escrita etc.). Nesta fase, os vários aspectos da cultura têm impacto considerável sobre o desenvolvimento da criança, uma vez que ela aprimorará os sistemas simbólicos que demonstrem ter maior eficácia no desempenho de atividades valorizadas pelo grupo cultural. Assim, uma cultura que valoriza a música terá um maior número de pessoas que atingirão uma produção musical de alto nível.

Finalmente, durante a adolescência e a idade adulta, as inteligências se revelam através de ocupações vocacionais ou não-vocacionais. Nesta fase, o indivíduo adota um campo específico e focalizado, e se realiza em papéis que são significativos em sua cultura.
Este teórico também enfatiza a necessidade de avaliar as diferentes inteligências em termos de suas manifestações culturais e ocupações adultas específicas. Assim, a habilidade verbal, mesmo na pré-escola, ao invés de ser medida através de testes de vocabulário, definições ou semelhanças, deve ser avaliada em manifestações tais como a habilidade para contar histórias ou relatar acontecimentos. 
Colaboração Especial e Argumento final de Maria Clara S. Salgado Gama 
(Doutora em Educação Especial pela Universidade de Colúmbia, Nova Iorque)
 


A importância de Howard Gardner na Pedagogia
Por Marcelo Teixeira

 
 

sábado, 8 de abril de 2017

O conformismo dentro da Pedagogia


Conformismo: caráter social

Há alguns meses tenho me feito uma série de questionamentos acerca de uma problematização envolvendo a Pedagogia e as relações antropológicas e filosóficas que norteiam nosso dia a dia e cheguei à uma conclusão clara e objetiva de que havia algo errado entre os campos do saber e a epistemologia do pensamento categorial proposto por Henri Wallon (1879 - 1962). Se o aluno tem seu pensamento sincrético aguçado na primeira infância e muitos permanecem com esse mesmo pensamento nos ensinos fundamental e médio, saibam que esse mesmo pensamento permanece no ensino superior por alunos que não compreendem apenas uma palavra para a série de questionamentos que acerca a minha dúvida sobre a problematização envolvendo a Pedagogia e as relações envolvendo a Antropologia e a Filosofia. Esses dias, em um debate sobre a Educação do Futuro realizada pelos professores e alunos de uma escola municipal, ouvi de uma garota de ensino superior dizendo que só queria saber do diploma para se sentir formada na Pedagogia. Eis que uma professora, prestes a se aposentar e tentando reverter esse quadro, instaurou uma gafe que poderia passar batido, não fosse sua insistência em querer debater com a jovem universitária. Essa professora disse que os alunos precisam estar atentos aos movimentos dos professores e seguindo seus passos para construírem um futuro melhor. Até aqui tudo tranquilo. Mas ela ainda emendou: não podemos deixar nossos alunos dominarem a gente, nós é quem precisamos dominá-los. Aqui houve um grande embate envolvendo duas categorias sincréticas em um mesmo âmbito: a jovem universitária que se formará em Pedagogia e que não está se importando com a qualidade de ensino, com o desenvolvendo de seus alunos e muito menos com a fase antropológica do Brasil. De outro lado, uma senhora professora que cisma em dizer que seus alunos precisam aprender pelos passos lentos de seus ensinamentos, com base teórica no Magistério.
            E eu estava no meio desse embate, ouvindo uma e outra, a jovem e a senhora, o amanhã e o ontem. Aquilo foi norteador para que eu pudesse acreditar que, além de estarmos formando futuros péssimos educadores, estou presenciando aquilo que eu mais detesto: o conformismo.  Acredito eu que o jovem universitário precisa, urgentemente, estar atento às demandas atuais e antigas das leis pedagógicas e que é preciso haver a leitura e o estudo sistemático de conteúdos embasados dentro e fora dos muros escolares, estudando a cidade, o país e o mundo, dando continuidade à Educação Formal e Não Formal, conhecendo teóricos e suas teorias e analisando suas práticas como sendo algo importantíssimo para o crescimento pessoal e profissional de seus pequenos alunos. Isso se chama visão de mundo. E o professor que o têm na certa conseguirá ser melhor reconhecido em sua área.

            O pensamento categorial persiste em ser um pensamento sincrético tanto por parte de muitos alunos universitários que estão prestes a mudar esse conceito de educação básica e persiste em muitos professores que vieram de um Magistério e que acham que nada mais pode ser mudado. O conformismo domina essa situação, pois dá a entender que nada mais pode ser feito. Digo isso também em relação às salas de aulas das faculdades brasileiras. Pergunte a um aluno o que ele aprendeu sobre Filosofia quando esteve no terceiro semestre e hoje ele está prestes a se formar. A resposta será péssima, porque ele não está interessado em saber sobre a Filosofia, muito menos em Antropologia ou Sociologia. Pergunte a outro aluno qual a teoria que envolve as práticas de alfabetização de Paulo Freire (1921 – 1997) e muitos alunos hão de dizer que não se aprofundaram nessa disciplina. Perguntar sobre Cèlestin Freinet (1896 – 1966) é como fazer uma ofensa. Os alunos universitários não estão preparados para ofertarem uma qualidade de ensino. Não estão preparados para lerem as leis pedagógicas, as normas da base nacional comum curricular, as estruturas da organização escolar, a filosofia de Sócrates, a antropologia de Darcy Ribeiro (1922 – 1997), o socialismo de Zygmund Bauman (1925 – 2017), a escola-nova de John Dewey (1859 – 1952). E mal sabem eles que o futuro do Brasil está em suas mãos. Mãos essas que são frágeis, permeáveis, vulneráveis e homeopáticas.  O conformismo categorial que sintetizo no campo do saber é tão monogâmico, permanentemente monossílabo e atuantemente devastador. O aluno universitário não quer aprender, não quer pesquisar, não quer ir além, mas quer passar de semestre, quer atuar no campo da Educação, quer ser chamado de Professor/Educador/Pedagogo.
            O professor das antigas, termo este que abomino, mas que aqui no artigo prevalece como exemplificação, precisa rever seus conceitos perante a educação de seus alunos e perante a vida interpessoal dos mesmos. O professor das antigas precisa, urgentemente, de uma reciclagem perene e empírica, que consiste em uma demanda de passagem de oportunidades para aqueles que querem seguir carreira na Educação e não ficarem fazendo dois tipos de serviços de péssima qualidade: 1) desmistificar o novo professor e 2) achar que seus argumentos educativos é o que prevalecem no campo semântico do saber. Precisamos mudar esse cenário e, para evitarmos o conformismo com relação a esses profissionais, precisamos de uma reciclagem não mecanizada para consumo próprio de conhecimento sistemático.

  • A unanimidade do grupo, isto é, quanto mais de acordo o grupo tiver entre si, maior vai ser o conformismo, mas basta haver no grupo uma pessoa que discorde do grupo para os efeitos de conformismo serem menores. No exemplo que está no inicio do tema, bastava que uma pessoa do grupo emitisse uma opinião diferente da maioria para nós termos mais vontade e avontade de manifestar a nossa.
  • A natureza da resposta, ou seja, o conformismo aumenta quanto a resposta é dada publicamente, pois, a resistência da maioria é maior quando á privacidade é assegurada.
  • A ambiguidade da situação significa que a pressão a que estamos submetidos aumenta, quando não estamos certos da nossa opinião e não estamos num contexto que dominamos, gera-se a duvida e a insegurança e assim o conformismo surge mais facilmente.
  • A importância do grupo, isto é, quanto mais importante para a pessoa o grupo for, maior é a possibilidade de esta se conformar para se poder integrar no grupo.
  • A autoestima, ou seja, as pessoas que têm uma autoestima elevada têm mais a vontade, facilidade e independência para exprimir a sua opinião do que aquelas que têm uma autoestima baixo.


            Não quero que meu aluno seja uma tábula rasa proposta por John Locke (1746 – 1827) e contemplada por Cagliari (1945). Quero que meu aluno tenha a autonomia plena de seus atos e que possa estar em uma sala de aula em que há o pedocentrismo. Trocando em miúdos, quero que meu aluno tenha a palavra conformismo longe de seu vocabulário.

O conformismo na Pedagogia

Por Marcelo Teixeira

quarta-feira, 22 de março de 2017

A Língua Portuguesa e a Pedagogia


Respeitem à Língua Pátria!
Ainda não consegui entender muito bem o porquê as salas do curso de Pedagogia vivem lotadas de alunos durante os 7 ou 8 semestres que o curso requisita. Ainda não consegui entender a mecânica dessas cabeças ditas pensantes que se arriscam a estudar Pedagogia, sabendo que muitos dos que ali estão jamais serão professores com uma categoria exemplar.  Paulo Freire (1967) já dizia que a intencionalidade do Pedagogo é amar gente, amar o próximo e atender às suas necessidades para que possa haver uma transformação naquele meio e o que vejo é justamente o contrário quando converso com pessoas que batem no peito e exclamam: você está falando com um futuro Pedagogo! É preciso certo entendimento disso tudo. Vamos começar com a Língua Portuguesa. Qual a relação da Língua Portuguesa com a Pedagogia? TODAS! Mesmo tendo professor universitário dizendo que não há elo entre as duas vertentes do ensinamento, eu cismo em dizer que há, pois uma complementa a outra. Sem  a Língua Portuguesa não somos nada e é muito complicado e humilhante um futuro pedagogo dizer nós vamos vim até aqui amanhã ou, na pior das hipóteses sonoras, ouvir: a gente foi fazer um trabalho pedagógico na casa da Maria e depois nós vai pro trabalho. Eu me pergunto: estou no curso certo? Estudo Pedagogia e, antes de qualquer coisa, sou um apaixonado pela Língua Portuguesa e, como bem disse Emília Ferreiro (1996) o professor precisa amar as palavras. Ferreiro também abomina os códigos, artifícios esses que muitos professores universitários adoram e aplaudem. Quando digo códigos, refiro-me às novas normas digitais que os jovens implantaram por meio das tabelas e plataformas digitalizadas como vc (você), tb (também), qlq (qualquer), etc. Sou radical demais? O que mais vejo e sintetizo nos futuros pedagogos é uma falta de decoro particular tremenda, irremediável e nada interessante nas formas e nas atemporalidades incultas disfarçadas de professores futuros de uma Nação. Como pedir respeito se a sua língua pátria os trai? Como pedir respaldo pedagógico se a escrita não lhes confere à altura de uma caligrafia fina e nada cursiva? A formação completa do pedagogo é mediada pela sua postura ética e atitude moral e com essa bagagem carrega-se a língua portuguesa a tiracolo, sendo nossa arma contra os ataques políticos, contra os dois pés em nossos peitos de pais que pensam que estão falando com qualquer um, sabendo eles que não sabem um por cento dos 4 anos em que nos dedicamos à Pedagogia. Não se trata, por minha parte, de um ato de rebeldia e egocentrismo, mas para evitarmos esses pormenores é preciso termos como nossa aliada a norma culta da Língua e, com isso, os conhecimentos necessários que todo bom pedagogo necessita. Ou seremos sempre tachados de arrogantes e ignorantes? Precisamos de uma ideologia! Mario Sergio Cortella (2013) explana muito bem essa ideologia em quando diz termos como escrever para apaziguar ou tenta nos entreter ou nos alertar quando se refere a sociedade da exposição, em que as dicotomias por vias de uma simbolização se faz presente: eu estudo Pedagogia, mas não me interessa como conquistei o meu diploma.  Há uma problematização aqui: os futuros pedagogos não querem ler, não querem dissertar sobre um texto, não conversam ou não entendem sobre política, não sabem dialogar sobre um livro do Cortella, mas mesmo assim, o acham o máximo e adoram seus livros. É assim que me vejo muitas vezes em uma sala: como se estivesse enjaulado com inúmeros pseudos-pedagogos que não conseguem soletrar o próprio nome. A Língua Portuguesa não visa apenas o professor para que este ensine seus alunos no ato de alfabetizar ou letrar, mas sim, viabilizar para uma gestão educacional rica em detalhes homéricos, onde a legitimidade será retórica e a propriedade com o recurso será de tamanha índole. Mas para que isso possa de fato acontecer, precisamos colocar as cabeças nos livros. Precisamos ler mais Machado de Assis, ler Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Vinicius de Moraes, Ruth Rocha e atender às necessidades emergenciais dos ensaios de Karnall, Pondé, Cortella. É preciso mudar radicalmente o andar da caminhada ou então teremos futuros pedagogos ensinando que farsa escreve-se com Ç e não com S.

Referências:

FREIRE, Paulo; Pedagogia do Oprimido, 60º Ed. São Paulo, Paz&Terra, 2016, 286 pags

FERREIRO, Emilia; Reflexões sobre Alfabetização, 26º Ed. São Paulo, Cortez Editora, 2010, 104 pags

CORTELLA, Mario Sergio; O que a vida me ensinou, 6º Ed. São Paulo, Editora Saraiva, 2013, 109 pags.


A Língua Portuguesa e a Pedagogia
Por Marcelo Teixeira

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Professor: é isso mesmo o que eu quero?


Professor: é isso mesmo?
Com  tantos  dilemas  e  desafios  educacionais,  conflitos igualitários,  desafios  diários  e  a  luta permanente  pela educação brasileira, há uma pergunta pertinente que precisa urgentemente  de  uma resposta  cabível  de  pensamentos estratégicos: será que é isso mesmo o que eu quero para o meu futuro? Ser professor numa metrópole como São Paulo ou  Rio  de  Janeiro  ou  nos  cafundós  escondidos  do  sertão nordestino, cada qual com sua cultura e seus trejeitos, suas ramificações  e  seus paradigmas, ser educador numa seara com grandes dificuldades  facultativas  torna-se,  ao  mesmo tempo, sedutor e desafiador, estimulador e característico de ressalvas problemáticas, em que o sistema nos impõe limites, mas a prática nos prega pragas. Para tanto, ser professor requer muito mais que ser educador: é ser plausível de uma luta constante pela identidade de um  aluno,  pela perseverança de uma criança indefesa, pela sensibilidade de um adulto sagaz, pelo crescimento de ideias e pelo caráter de um ser humano. Requer, acima de tudo, muita dedicação, muita afetividade, muita garra, perseverança e muita capacidade em poder manter uma classe numerosa em silêncio, impondo seus conhecimentos  e  seu  respeito. Ser  professor  é  saber procurar distinguir o certo do errado, o sujeito obscuro do objeto  perverso,  o adjetivo vulnerável do  substantivo incompleto,  do  verbo  imperativo  para  o  verbo  conjugado numa preposição indigesta entre o saber e a epistemologia.
Em minhas viagens pelo Nordeste brasileiro, pude conhecer alunos  que  moravam longe  de  suas escolas,  mas  que  não perdiam  a  chance  de  irem  à  escola  ao  menos  para aprenderem  o alfabeto.  Conheci  professores  que  faziam questão de ensinar e conheci professores que faziam de tudo para que seus alunos não perdessem aulas. Ser professor é ter a capacidade de poder ensinar ao próximo aquilo  que sabe, que adquiriu, que absorveu. E é a realização plena deu ma sabedoria sem fim. Mas será que é possível, nos dias de hoje, com a tecnologia avançada, com alunos rebeldes, com diretoria  atrasada,  com leis  não  cumpridas, com sistemas burocráticos,  ser professor? Hoje sei que cada vez que passam os dias, as horas, os minutos e as leituras em torno da Educação, mas sei que podemos lutar pela educação brasileira e retirar de suas mazelas a sabedoria de um futuro melhor, com alunos mais determinados ao conhecimento e a sensatez de uma categoria digna de um respeito profundo."


Professor: é isso mesmo o que  eu quero?
Por Marcelo Teixeira