![]() |
Conformismo: caráter social |
Há
alguns meses tenho me feito uma série de questionamentos acerca de uma
problematização envolvendo a Pedagogia e as relações antropológicas e
filosóficas que norteiam nosso dia a dia e cheguei à uma conclusão clara e
objetiva de que havia algo errado entre os campos do saber e a epistemologia do
pensamento categorial proposto por Henri Wallon (1879 - 1962). Se o aluno tem
seu pensamento sincrético aguçado na primeira infância e muitos permanecem com
esse mesmo pensamento nos ensinos fundamental e médio, saibam que esse mesmo
pensamento permanece no ensino superior por alunos que não compreendem apenas
uma palavra para a série de questionamentos que acerca a minha dúvida sobre a
problematização envolvendo a Pedagogia e as relações envolvendo a Antropologia
e a Filosofia. Esses dias, em um debate sobre a Educação do Futuro realizada
pelos professores e alunos de uma escola municipal, ouvi de uma garota de
ensino superior dizendo que só queria saber do diploma para se sentir formada
na Pedagogia. Eis que uma professora, prestes a se aposentar e tentando reverter
esse quadro, instaurou uma gafe que poderia passar batido, não fosse sua insistência
em querer debater com a jovem universitária. Essa professora disse que os
alunos precisam estar atentos aos movimentos dos professores e seguindo seus
passos para construírem um futuro melhor. Até aqui tudo tranquilo. Mas ela ainda emendou: não podemos deixar
nossos alunos dominarem a gente, nós é quem precisamos dominá-los. Aqui houve
um grande embate envolvendo duas categorias sincréticas em um mesmo âmbito: a
jovem universitária que se formará em Pedagogia e que não está se importando
com a qualidade de ensino, com o desenvolvendo de seus alunos e muito menos com
a fase antropológica do Brasil. De outro lado, uma senhora professora que cisma
em dizer que seus alunos precisam aprender pelos passos lentos de seus
ensinamentos, com base teórica no Magistério.
E eu estava no meio desse embate,
ouvindo uma e outra, a jovem e a senhora, o amanhã e o ontem. Aquilo foi
norteador para que eu pudesse acreditar que, além de estarmos formando futuros
péssimos educadores, estou presenciando aquilo que eu mais detesto: o
conformismo. Acredito eu que o jovem
universitário precisa, urgentemente, estar atento às demandas atuais e antigas
das leis pedagógicas e que é preciso haver a leitura e o estudo sistemático de
conteúdos embasados dentro e fora dos muros escolares, estudando a cidade, o
país e o mundo, dando continuidade à Educação Formal e Não Formal, conhecendo
teóricos e suas teorias e analisando suas práticas como sendo algo importantíssimo
para o crescimento pessoal e profissional de seus pequenos alunos. Isso se
chama visão de mundo. E o professor que o têm na certa conseguirá ser melhor
reconhecido em sua área.
O pensamento categorial persiste em
ser um pensamento sincrético tanto por parte de muitos alunos universitários que
estão prestes a mudar esse conceito de educação básica e persiste em muitos
professores que vieram de um Magistério e que acham que nada mais pode ser
mudado. O conformismo domina essa situação, pois dá a entender que nada mais
pode ser feito. Digo isso também em relação às salas de aulas das faculdades
brasileiras. Pergunte a um aluno o que ele aprendeu sobre Filosofia quando
esteve no terceiro semestre e hoje ele está prestes a se formar. A resposta
será péssima, porque ele não está interessado em saber sobre a Filosofia, muito
menos em Antropologia ou Sociologia. Pergunte a outro aluno qual a teoria que
envolve as práticas de alfabetização de Paulo Freire
(1921 – 1997) e muitos alunos hão de dizer que não se aprofundaram nessa
disciplina. Perguntar sobre Cèlestin Freinet (1896 –
1966) é como fazer uma ofensa. Os alunos universitários não estão
preparados para ofertarem uma qualidade de ensino. Não estão preparados para
lerem as leis pedagógicas, as normas da base nacional comum curricular, as
estruturas da organização escolar, a filosofia de Sócrates, a antropologia de Darcy Ribeiro (1922 – 1997), o socialismo de Zygmund Bauman (1925 – 2017), a escola-nova de John Dewey (1859 – 1952). E mal sabem eles que o
futuro do Brasil está em suas mãos. Mãos essas que são frágeis, permeáveis, vulneráveis
e homeopáticas. O conformismo categorial
que sintetizo no campo do saber é tão monogâmico, permanentemente monossílabo e
atuantemente devastador. O aluno universitário não quer aprender, não quer
pesquisar, não quer ir além, mas quer passar de semestre, quer atuar no campo da
Educação, quer ser chamado de Professor/Educador/Pedagogo.
O professor das antigas, termo este
que abomino, mas que aqui no artigo prevalece como exemplificação, precisa rever
seus conceitos perante a educação de seus alunos e perante a vida interpessoal
dos mesmos. O professor das antigas precisa, urgentemente, de uma reciclagem
perene e empírica, que consiste em uma demanda de passagem de oportunidades
para aqueles que querem seguir carreira na Educação e não ficarem fazendo dois
tipos de serviços de péssima qualidade: 1) desmistificar o novo professor e 2)
achar que seus argumentos educativos é o que prevalecem no campo semântico do
saber. Precisamos mudar esse cenário e, para evitarmos o conformismo com relação a
esses profissionais, precisamos de uma reciclagem
não mecanizada para consumo próprio de conhecimento sistemático.
Fonte: http://psicologia12abc.blogspot.com.br/2009/01/oconformismo.html#!/2009/01/o-conformismo.html
|
Não quero que meu aluno seja uma tábula
rasa proposta por John Locke (1746 – 1827) e
contemplada por Cagliari (1945). Quero que meu
aluno tenha a autonomia plena de seus atos e que possa estar em uma sala de
aula em que há o pedocentrismo. Trocando em miúdos, quero que meu aluno tenha a
palavra conformismo longe de seu vocabulário.
O
conformismo na Pedagogia
Por
Marcelo Teixeira